Precisando de uma renda extra, no final de 2015, a paulistana Gabriella Wolff, 31, decidiu que venderia as roupas que não usava mais. Estava em um cabeleireiro que sempre frequentava, quando perguntou às funcionárias se elas gostariam de dar uma olhada nas peças. No dia seguinte, levou duas malas cheias. “Vendi tudo em 30 minutos. Me deu um estalo. As clientes ficaram felizes em comprar peças de marca com boa qualidade, e eu vi uma oportunidade”, afirma. Foi o começo da Daz Roupas, brechó de moda que faturou R$ 6 milhões em 2021 com o e-commerce e a loja física.
Os fornecedores são pessoas que querem desapegar de peças que não usam mais. Os itens podem ser enviados por correio ou entregues nas unidades físicas das Daz Roupas — nesses casos, a avaliação é feita na hora. A empresa então paga 30% do valor pelo qual o produto será vendido. “O cliente também pode optar por crédito na loja, e recebe 50% do valor”, diz Gabriella. Por mês, a empresa recebe cerca de 15 mil peças, que são vendidas por R$ 40, em média. Quando teve a ideia de negócio, Gabriella chamou a irmã Julia Wolff, de 29 anos, para participar da empreitada. Em 2016, sem dinheiro para investir inicialmente, as empreendedoras começaram a vender roupas de amigas por consignação — elas pagavam para as donas depois que as peças eram vendidas. Três meses depois, quando juntaram dinheiro, passaram a comprar as peças antes de vendê-las. “Nossa ideia sempre foi montar um estoque e criar uma loja”, afirma Gabriella. No início, as vendas eram feitas em cabeleireiros. Foi assim que surgiu o nome da empresa, já que elas ficaram conhecidas como “meninas das roupas”. Em abril de 2016, as duas criaram o primeiro espaço físico dentro de uma galeria. A escolha do local se deu porque o contrato poderia ser de curta duração, e assim poderia funcionar como um teste. “Foi tudo muito rápido. Era um espaço bem pequeno e já fizemos muito sucesso”, diz Julia. Ao mesmo tempo, elas continuavam vendendo em cabeleireiros.
No final do primeiro ano de negócio, as empreendedoras já viram necessidade de mudar de espaço e encontraram uma loja maior no bairro de Pinheiros, em São Paulo. “Foi uma loucura. As clientes já queriam entrar na loja antes de estar pronta”, diz Julia. Com o movimento, elas pararam de vender em cabeleireiros e, dois anos depois, precisaram mudar novamente para um local maior.
Um dos motivos para o sucesso, as empreendedoras acreditam, é que chegavam peças todos os dias. “Sempre recebíamos mensagens perguntando quais roupas chegariam. Também usamos as redes sociais para publicar os lançamentos”, afirma Gabriella, complementando que elas também criaram uma relação mais próxima com as consumidoras.
Como a loja física estava indo bem, as empreendedoras não pensavam em vender pela internet — também porque sabiam dos desafios de logística. Foi só em fevereiro de 2020 que elas criaram o e-commerce, pouco antes da pandemia ser decretada.
“Nossa loja tinha uma fila enorme para entrar e foi desesperador quando tivemos de fechar na quarentena. Então cadastramos todas as nossas peças no site”, diz Julia. Era uma nova dinâmica, já que elas costumavam receber 400 produtos por dia, e no site era mais trabalhoso ter de colocar todos os dados.
Com tantos clientes fiéis, o e-commerce logo conquistou adeptos. “Tivemos tanto acesso que o site ficou instável, então comecei a subir as peças de madrugada. Ainda assim, vendemos muito rápido”, diz Júlia. Hoje, mesmo com a reabertura das lojas físicas, o site corresponde a 50% do faturamento e recebe 200 peças por dia — os estoques são separados para evitar que duas pessoas comprem o mesmo produto. Uma nova unidade da loja física foi aberta em dezembro de 2021, também em São Paulo.
No mesmo mês, as empreendedoras lançaram um clube de assinaturas com mensalidade de R$ 3,99. Com isso, as clientes podem alugar roupas pela metade do valor de venda, usar por 30 dias e depois devolver a peça. Se decidirem ficar com o produto permanentemente, os clientes podem pagar a diferença. “É muito legal porque, muitas vezes, a pessoa só quer uma roupa para usar em um evento específico. Então, depois que ela devolver, outro cliente pode usar no mês seguinte”, diz Gabriella. “Passamos a ser uma extensão do guarda-roupa.”
Agora, as empreendedoras querem expandir para tornar a marca mais conhecida — o plano é inaugurar 10 lojas em São Paulo em dois anos.
Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios.
17 de fevereiro de 2022